sexta-feira, 1 de agosto de 2025

agora que não tenho filhos
e jamais terei netos
me pergunto quem iria
lembrar das horas
passadas com minha mãe
me contando de meu avô
meu pai e minha avó
minhas tias e seu avô
repetindo sons
como quem repete
a memória outra
me contando de seu avô
e da violência
que não compreendia
(em outra língua)
(no seu corpo)
(no corpo do meu tio)
me contando
de mim
quando ainda nem sabia
que seria assim

a memória está só, enfim

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na academia

a frieza da palavra me toma como uma lâmina de ferro gelado parece vidro porque é frágil mas me permeia como as árvores o vento