terça-feira, 29 de maio de 2018

outros nomes [ i ]

marielle
primeiro, tira a casca
que espirra pequenos prantos dos poros
e expele perfumes, uma profusão
que penetra os poros, e couros putrefatos
não menos que perpétuos.

então, te arrancam, como um gomo lacrimoso
e gotejas uma explosão de sumo glorioso
presente
mesmo na boca de quem mastiga malgrado desgostoso:
uma ruptura medonha, pútrida
inda que dulcificada.

a morte numa mordida mínima de menina
bergamota azedinha, e outros nomes tantos
querem te descaracterizar o amargor e a doçura
fervorosa, acre, pungente, etérea, amarescente,
agror na boca de quem te profana pontualmente:
na boca, perversão e azedume
no chão, casca e
semente...

terça-feira, 8 de maio de 2018

natureza que penetra

outro dia, não me lembro quando,
cricrilava na noite escura o canto
de um grilo só - o escândalo
sussurante dum vândalo.

no dia de hoje, 'ind'agora
pulpulsava na noite em glória
um pêssego palpitante - o riso
penetrante dum narciso.

e tu bem podias ter me avisado,
mas preferistes meu alarde:
acordados até mais tarde
os olhos bem despertados.

a tua voz uma música doce
ressoando um oceano:
gozo do meu pranto
eterno canto por você.

na minha cidade há uma rua em que os carros param e parecem à beira do abismo esperam o semáforo e dali pra frente é só pra baixo rumo ao ho...