sábado, 16 de junho de 2018

da mulher isolada

fecha-se o tempo repentinamente
e o vento encana, criando correntes
entre as minhas janelas escancaradas
uma linha invisível traçada entre uma
e outra; entretanto, nada ouço
busco, perscruto e escuto
suave murmúrio

rajada de trovão - a chuva fina
refletida no vidro - que ilumina
o vão entre nossos prédios
e vão entre nossos prédios
mais rajadas e trovoadas
um eterno equilibrar-se
a natureza feminina

densas gotas se espalham
pelas folhas de uma jiboia
esbranquiçada e esmeraldada
que enfeita a minha vista
(há tantos temporais que espero a tua visita)

espalham-se e formam pequenos lagos rasos
um poço obstruído do nosso farfalhar enfraquecido

na minha cidade há uma rua em que os carros param e parecem à beira do abismo esperam o semáforo e dali pra frente é só pra baixo rumo ao ho...