sexta-feira, 1 de agosto de 2025

agora que não tenho filhos
pois nunca os quis ter
me pergunto quem irá
lembrar
do meu pai
lembrado (eu queria)
por sua
alegria (também)
por seus
defeitos
(e mais) pela
tentativa
de ser o que não foram
para ele
por não ter
me esbofeteado
por quererem
lembrá-lo
eu não me lembro
como era meu pai
com a minha avó
como foram os onze anos
com sua mãe
que eu não conheci

a memória está sempre por um triz

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na academia

a frieza da palavra me toma como uma lâmina de ferro gelado parece vidro porque é frágil mas me permeia como as árvores o vento