sábado, 31 de maio de 2025

queria conhecer meu pai menino
desde que sua mãe falecera 
quando eu ainda não era nascida
que me pergunto como ele era
aquele menino de olhos doces
e curiosos crescido em meio a tantos 
outros filhos menos doces e muito menos
curiosos todos tão endurecidos pela perda
queria conhecê-los todos e vê-los brincar 
no palheiro e fugir do dono rindo a plenos pulmões
queria tê-los visto crescer ouvindo a voz
da minha avó e sentir o cheiro de seus cabelos
queria me deitar em seu colo e na barriga uma menina
que eu ajudaria a nomear
nomearia tudo o que ela tocasse
me sentaria em volta dela junto deles
e faríamos árvores de natal com pinhas
algodão e o som das nossas risadas
queria conhecer meu pai menino
viver um pouco a sua história e entendê-lo
para então dar à sua face de hoje 
a feição do menino que fora
entendeneo o menino que ele é

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na academia

a frieza da palavra me toma como uma lâmina de ferro gelado parece vidro porque é frágil mas me permeia como as árvores o vento