sábado, 24 de fevereiro de 2018

(enquanto você toma banho)

você me chama pra colher os pêssegos
descemos entre as árvores do bosque
até encontrá-los maduros e plenos
você pega um com a mão, aperta
a pele e roça a penugem com os dedos
esguios, se delicia um momento
antes de lhe cravar os dentes amarelos
e arrancar-lhe devagar a pele
deixando o suco escorrer pelo 
canto da boca e entre os dedos
magros, você chupa com satisfação 
suave, me ri olhos e lábios, pega outro
e repete o ritual de roçar os dedos
os pêlos nas penugens no pêssego
na tua língua na tua boca o pêssego
nos teus olhos e cílios o pêssego
o suco nos nossos pés, nossos membros,
escorre pelos dedos e braços o abraço
todo molhado de suco que sugas
com a boca infinita em chamas
e não se cansa, um pé inteiro,
sem gastar o riso e o canto
que ecoam pelas árvores
no chão, a terra úmida
{02-12-17}

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