então ajusto o timbre
que a voz é minha
a voz de menina
que não sabia
quando parar
de falar
então falava
sozinha
aos cotovelos.
estrilo de alegria
e me calo em reverência
quando pela primeira vez
coloco os teus sapatos
uso as tuas roupas
queria apenas ser outra
e tu era quem estava ao alcance.
então ajusto o corte
que o texto é tecido
e quero costurá-lo
à medida do teu corpo
onde já habitei
dali de dentro
onde hoje cultivas
rosas sem nome nem cheiro
brota tanta vida
se prolifera em células enlouquecidas
a tua vida
que gerou a minha
e hoje existe neste meu corpo
que tem também a forma do teu.
então escrevo para que neste corpo-tecido
existas a partir de mim, para que de mim saias
e habites também este Aqui
para que em mim te demores
toda a vida, explodindo os meus Alis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário