domingo, 6 de outubro de 2024

a minha língua se dobra
se parte ao meio e ocupa
duas bocas
me quebra em línguas
o corpo é este
queimado e com uma leve
esfoliação a pele lisa
a língua desdobra
invade memórias e cobre
o que sobra da vida
come areia e terra
vermelha
cheia de r
a língua de cobra
me cobra
uma bifurcação
a vida em duas
partes inteiras
sempre
fora do lugar
o pé vermelho
na beira da praia
sem saber se arrasto
ou enrolo
a língua
em latossolo
vermelho vulcão
ou em pequenas
conchinhas
fragmentadas
 

sabe de sal arenoso
as pontas da língua

Nenhum comentário:

Postar um comentário

na academia

a frieza da palavra me toma como uma lâmina de ferro gelado parece vidro porque é frágil mas me permeia como as árvores o vento