quinta-feira, 16 de novembro de 2023

¿Qué sabe un forastero sobre tomar un buen mate?
Nadie le dijo cómo se ceba: si amargo o untado en miel,
hojitas de cedrón o cáscaras de naranja.
Que el agua no se deja hervir,
que amaina el apetito y sosiega la mente.
¿Qué pienso? Quizá me complazca
y un día me instale con mi bombilla
en la arena movediza de la yerba.

 

O que sabe um forasteiro sobre tomar um bom mate?
Ninguém lhe disse como se prepara: se amargo ou untado de mel,
folhinhas de lúcia-lima ou cascas de laranja.
Que a água não se ferve,
que acalma o apetite e sossega a mente.
O que eu acho? Quem sabe me agrade
e um dia me instale com a minha bombinha
na areia movediça da erva.

 

Esse poema da chilena Gloria Dünkler chegou em mim por acaso. Como tudo o que a gente pesquisa. Você está ali e à espreita algo querendo ser visto. Desde pequena acompanho a relação das pessoas com o chimarrão e até hoje sofro para gostar como gostam. É um desejo meu, ter essa mesma necessidade, essa relação íntima com o mate. Há mais de ano venho trabalhando com argentinos e os vejo tomarem litros de mate durante uma horinha de aula. Todos, sem exceção. Até os que não moram mais na Argentina. Até os argentinos uruguaios.
Esse poema é do Chile. Chegou até mim por uma pesquisa que estava fazendo sobre Pucón. Uma cidade que parece bem turística, bem feita para turistas, bem fora de um contato com a realidade. Como se tudo fosse artificial. Mas. Mas aí é que tá. Pesquisando, o que me encantó foi o vulcão e a arquitetura no meio da natureza do Germán del Sol e os lagos e o menor felino das Américas e o vulcão à noite e o céu estreladíssimo e o vulcão no verão. Uma cratera se abre e eu olho pra dentro, caindo. Uma areia movediça de lava. Me desce pela garganta e eu entendo.
Isso não é meu.
*ruído de mate*

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