segunda-feira, 15 de maio de 2023

porque ouço o canto das baleias
sei que algo não vai bem
essa agitação na superfície
como crianças que brincam
num parque aquático
num domingo muito quente
um balé oceânico
azul e cinza enquanto
as ondas se quebram brancas
contra as suas costas
vem desde as profundezas
do terreno mítico
areia primeira da vida
a inundação já nos alcança os pés
e o mundo se faz útero
nos encapsulando
as cachalotes gritam:
algo novo e terrível está por vir

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na academia

a frieza da palavra me toma como uma lâmina de ferro gelado parece vidro porque é frágil mas me permeia como as árvores o vento