sexta-feira, 21 de agosto de 2020

 recomeçamos entre quatro paredes
de vidro: recortados em janelas
de espaço unidimensionalizados
trancados limitados a lampejos
de tempo destacados e no fim
a sós com nossos reflexos
pálidos que nos olham de volta
em desespero e leve tormento

atravessas a montanha
desafiando tempo e espaço
agora domados e dobrados
ao teu desejo ao teu momento,
meu tormento, vens a passos largos
suaves e sorrateiros para que não
te perceba a marcha o tempo
e possas chegar como trovejo

surpreendida a natureza em festa
surpreendidos pelo acaso dessa
merda de porta que encerra
um de cada lado: o tempo do
respiro suspiro alívio tranquilo: revela
a espera do toque-remenda
o som das palavras se reformando
uma sobre as outras como tempestade
em recanto de passarinho

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