(lendo Zadie Smith)
sobreponho duas imagens:a minha mão descansa no teu peito
liso, e a outra mão na minha mão
o teu braço me envolve até a cintura
e a outra mão repousa no colchão
um salto no escuro do tempo
sobreponho dois momentos
eu deitada em você
eu deitada ao seu lado
o sono que me vem escasso
o sono que me vem espaçado
o sonho que me retém
o sonho que antevém
sobreponho dois corpos (atrasados)
o meu em cima do teu
um ao lado do outro
sobreponho meus dedos
que não titubeiam: te tateiam
sobreponho meus cílios
que se curvam com o silêncio
mas não os oponho
como num espelho quebrado:
vejo partes de um, partes de outro
um reflexo em construção
mas talvez seja o cenário que esteja errado
: uma cena nunca se encerra
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