cientistas afirmam que
dois corpos não ocupam
ao mesmo tempo
o mesmo espaço
— mas o que sabem os
homens de ciência?
afirmam que há eternamente
uma distância infinitesimal
entre um corpo e outro
desconsideram que o fora
existe por haver o dentro
em simbiose
cohabitam o mesmo espaço
(nossos olhares fugidios)
— que sabem os cientistas?
em meio a tantas afirmações
esquecem-se do negativo
o vazio
que une tempo e espaço
(e permite-me tocar os teus
dedos macios e irrequietos
permite-nos avançar no vácuo
ultrapassando a velocidade da luz
calculada há tantos e tantos
milhares de segundos
permite-nos
uma simples
possibilidade
incalculável
impenetrável em seus mistérios
em suas vias de saída)
uma matriz não sabe
(o que se passa entre o calor
da minha pele e da tua)
não sabe
o que é capaz de transformar
o verão numa nova estação
inomeada e atemporalmente intangível
não sabem os cientistas
o que tocam nossos olhos pela manhã
fugidia
não há plano laboratorial incansável
de observação incessante
que compreenda o espaço
e o tempo que nós
permeamos
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