os pêssegos apodrecem nos bosques:
tons de verde e vermelho se misturam
a minhocas terrosas, a orugas;
estes braços encouraçados foram
noutro momento tão exuberantes
agora, este barro em nossos pés
um rumo
o suco
que se espalhou por tudo que era poro
seco, deixa-se grudar de fuligem
e restos de folhagens; nós à margem
os enlameados, os lamacentos
lamentos: por ora, predomina aqui
o crepúsculo
o sol, já quase ido, nunca fora
erguido: fora a ponta de teus
dedos esguios que outrora aflorara
uma aurora
emaranhada
em teus cabelos e olhos castanhos;
agora não nos veem: qualquer ânimo
é engano
precoce, a suave e doce textura:
testamos os ossos de nossos duros
temperamentos
resta-nos, agora, a esta hora
premeditada, a suspensão do tempo
de pêssegos insurgentes, vindouros,
violáceos, tão antigos e distintos
não distinguimos os pêssegos de ouro
de outros: nada brota do caroço.
dos bosques, um último sopro, um
agouro, é o rio turvo que nos leva
sem norte
à morte
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