sexta-feira, 7 de setembro de 2018

da medusa

i. o riso

ressoa uma música antiga
: uma flecha que se separa do arco
e atravessa o mar de ítaca

conversas com esta, a mulher
que te olha nos olhos
e te faz perceber que o monstro
é a tua pintura barroca
e te faz perceber que o monstro
é a tua música eletrônica
que é; enfim, que sou


ii. o canto

conversas com esta mulher
que te pega pelas mãos
e te faz sentir o monstro
dentro do teu corpo
corposo
em cada curva
escondida, o monstro
corposo

conversas com esta mulher
que te faz ouvir
o canto das sereias
do fundo do mar
da infância
ecoam
go all the way
don't punish yourself
don't be a secret
be a monster
não para aliviar a tensão
não para polir os cantos
laminados dos teus olhares
e da tua voz e dos teus dedos
segredos

go all the way
porque quem fez
este caminho
foram outras antes de ti
e agora deves percorrer
a trilha das flores macias
inquebrantáveis
monstruosas e ainda mais corposas
que tu
ouves o grito
sereno que continua

iii. a transformação

perdura o riso das bruxas
enquanto te debruças
sobre novas pinturas

mulher
escreve
escreva
mulher

e não esqueça

o monstro escondido no lago
é a criatura mitológica:
um fascínio
a ser explorado


abro as asas e deixo vênus me abraçar

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