sábado, 17 de março de 2018

retrocedo

(se me pisas, é de olhos bem abertos)

cedo-te aos desejos sem receio
teço-me em teus enredos
cerco-me em teus freios
desconheço o medo
e quando me canso
e quando digo nunca mais
às tuas torturas tiraníssimas
teus tamborilares
em minhas carnes macias
apenas titubeio
tenra a derme, enlouqueço
em teus dedos couraçados
entre um timbre e outro
da tua voz descansada
(o meu estremecer)
e em tuas costas aladas
de anjo caído e perverso
adormeço desassossegada
sonho um véu vermelho
teus lábios túrgidos mordendo
meu ventre túmido
de mulher sadia

acordo para um céu de aço
tendões (meus)
dedões (teus)

encalço

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na academia

a frieza da palavra me toma como uma lâmina de ferro gelado parece vidro porque é frágil mas me permeia como as árvores o vento