sábado, 24 de fevereiro de 2018

convoluta

você estava deitada
(a cabeça em meu peito,
e o resto do corpo no 
meu corpo inteiro),
o ar pesado e você
ainda o respirava:
puxando leve, dentro
de si toda a preguiça
do mundo aos domingos.

você estava deitada
(o nariz em meus pelos,
um ataque à rinite)
escondida da noite
suave, a circular teus
cachos tão bagunçados,
e teus pés magros
aninhados nos meus.
você estava em pé, 
de repente, os olhos
a me perscrutar
o sono irregular:
de dia adormecido,
à noite aos ruídos
de estrelas e cometas.
você estava na rua,
habitando meus sonhos
diurnos e meus
delírios noturnos:
as tuas mãos
num burburejar,
o teu peito num grito
enlouquecido e surdo.
você, muda,
parecia, enfim, sonhar

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