sábado, 24 de fevereiro de 2018

febre

a pele de galinha que não se aquece
nem com o vapor do banheiro quente,
as tetas rígidas que não apontam direção
nenhuma além do fim incerto, inerte.
a água morna que percorre o corpo:
um mar de efervescência malemolente


as olheiras mais fundas que nunca,
não reconhecem os olhos vermelhos
e lacrimejantes, os cílios grudados,
os dedos enrugados de tanta água:
evapora nalguma indecência


já distante na memória oca:
os dias de calor d'outro corpo;
não penetra estas vértebras
amor algum, calor algum
que não seja esse mal-estar
contínuo, longínquo, de setembro
a junho, 
um jejum infinito
de felicidade: é final de tarde

e a chuva insiste que cai
dos olhos marejados.

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na academia

a frieza da palavra me toma como uma lâmina de ferro gelado parece vidro porque é frágil mas me permeia como as árvores o vento