sábado, 24 de fevereiro de 2018

F F a c i n

se procurarem no teu corpo os pontos cardeais da tua beleza, eles se nortearão a partir dos teus olhos oblíquos em direção às bochechas em divisa; do pescoço branco aos braços delicados; das mãos de menina a todos os cantos sinuosos de musa renascentista. dentre todas as tantas pintinhas que tens tatuada pela pele, não se atinarão daquela que guia os outros pingos e te transforma num mapa celeste. a minúcia os cegará. por eles passará despercebido tudo que há de mais belo: és completa da cabeça aos pés. e se procurarem mais a fundo, te investigando como um contador a tabelas, talvez encontrem teus ímpares: a doçura amargável, a ousadia escondida em pequenas cóleras pacíficas. ainda outra vez te sondarão as curvas, sem compreender o destino da estrada: tuas flores ou tuas pedras, tua menina escondida ou tua fera revelada. mas, é sob teus cílios, teus olhos de ressaca, que jaz o mistério das musas.

{03-02-17}

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