segunda-feira, 22 de setembro de 2025

me pergunto por que
insisto em ler em ver
visitar acompanhar
tirar fotos escrever
por que tantos registros
se no fim eu vou
me esquecer

domingo, 21 de setembro de 2025

no sonho há
a memória
de outros 
sonhos
me pergunto
quem se
lembra delas
que memória
elas habitam 

sábado, 20 de setembro de 2025

me apareces em sonho
e eu toda olhos marejados
me pergunto quantas vezes
terei de morrer até finalmente
te enterrar

eu peço toda noite a Deus
pra que você mude — minha mãe

toda noite ela tece
sentada feito penélope
chego no seu quarto
e a vejo com a agulha
entre os dentes puxando
o fio que reconstrua
o cordão umbilical
que eu tanto tento
comer com os dentes
afiados e tristes

na academia

a frieza da palavra me toma como uma lâmina de ferro gelado parece vidro porque é frágil mas me permeia como as árvores o vento