vi mulheres lavarem louças
passarem roupa
com amaciante
ajudei a encher baldes
passar no chão
o pano limpo
um pouco de desinfetante
na sala
no quarto
no corredor
nos banheiros úmidos
dos banhos tomados
a mão
alisando a toalha da mesa
com migalhas de pão
o ouvido atento
os olhos distantes
algumas delas sorriem
por empatia
e outras abraçam
homens e crianças
de narizes entupidos
sem palavras
aos prantos
nunca vi para onde vão os olhos
secos dessas mulheres
quando ignoram o choro
e viram muralhas