quarta-feira, 7 de maio de 2025

o que precisa nascer
aparece no sonho buscando frinchas no teto

—Adélia Prado

as minhas pernas nem se abriam
no meu sonho eu dormia como nunca
eu menstruava e a cama era branca
vermelha agora do meu ventre
uma menstruação horrenda
sem mais mistérios eu tinha parido
de mim escorria um projeto de gente
feito fato era um feto um meu feito
e me recusava a entendê-lo
deformado como era queria ser
no mundo e me culpar por tudo
me recuso eu disse ao acordar
me recuso eu dizia ao me levantar
me levantei e saí por aí sem lembrar
me levantava e saía por aí dançar

mas não esqueci do sonho

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na academia

a frieza da palavra me toma como uma lâmina de ferro gelado parece vidro porque é frágil mas me permeia como as árvores o vento