quinta-feira, 2 de março de 2023

hoje sonhei contigo outra vez

nos abraçávamos forte e éramos nós também muito fortes e carinhosos, conscientes do que convencionei chamar de inevitável fim para me sentir menos como alguém que perdeu um membro do corpo. conscientes de não estarmos mais juntos, ainda que naquele abraço sentisse todo o teu corpo e teu cheiro e até teu gosto teu riso e a textura dos teus cabelos nos meus braços. me beijavas o rosto e eu fazia uns grunhidos de quem te ama. infantilmente. docemente. imaturamente. como fruta que cai do pé por acaso e não por natureza. como. como, me arrependo de tudo. não há mais pêssegos. não há mais constelações, cometas, o som da tua voz e o calor das tuas mãos magras no meu corpo arrepiado de ti. sonhei e não quis acordar. sonhei e não quis, mas acordei. que horror a realidade e essa falta metáforas.

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