terça-feira, 30 de junho de 2020

caminhei não sei quantos dias num deserto árido
dentro de debaixo de um sol extremamente pálido
comi e bebi de todo tipo diverso de cacto
furando o céu da boca com espinho
procurava paciente o amor calminho
tropecei-me numa pedra no meio do caminho
agarrei-me a um tanto de vento no ar
e caindo de boca quebrei os dentes
da frente de ar fria que vinha em brisa de mar
senti o sal se misturar ao sangue
isto é, o fogo ao ferro, cuspe em barro
juntei a terra vermelha na mão direita
formei imagem imperfeita
o tropeço me arrebentou os joelhos
e os tendões ainda hoje latejam
feito não tivesse ainda me recuperado
do baque de ter achado ao acaso mangue
na queda me veio um lampejo
feito se de repente um trovejo
e foi aí talvez: então te vejo
a atmosfera que me segura
enquanto também me puxa
quase um balancejo
mas a história é a mesma uma
caí de boca em sangue poça
mangue moça de gracejo espinho
em sangue abrindo o caminho

Nenhum comentário:

Postar um comentário

das conchas

todo ato de fala verdadeiro é um gesto de coragem e nada mais forte do que ser                                                       vulnerá...