quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

*

expõe tua pele e põe
pra cima um punho
preto, pardo --
cor nenhuma
põe pra cima
um punho
e basta
expõe tua pele
teus braços e
pernas nuas
nas ruas
feito fosse estátua
feito fosse uma força
incontida e feminina.
expõe -- dá um grito,
um urro, um berro,
um murro, um assovio,
um canto materno, feminino...
abre as portas do teu quarto
e deixa o vento entrar, levantar poeira
dar espaço para os espíritos que batem à soleira
e não se cansam de esperar à porta, sorrateiros.
escancara as janelas com força e cheia de riso
(é quase um rito)
arregaça o peito,
põe os braços pra cima,
o punho firme,
(nenhuma
desgraça é maior
que não expor a
própria pele
não
se deixar tocar
pelo vento
e à brisa
e à maresia
se deixar corroer)
empunha o punho:
cheio de graça

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