sábado, 24 de fevereiro de 2018

tempos

preparei-me as malas grandes
p’ra poder mais tarde partir;
marquei-nos um encontro na
na praça entre a minha e a tua
casa (vazia).
separei-me as tuas roupas:
um moletom muito macio,
aquela tua camiseta favorita 

e a nossa coberta pouco colorida.
esvaziei-me as gavetas
e joguei fora os papéis:
amarelados sem tinta
nada por escrito
além de uns rabiscos –


a tua letra de criança
lembra-me que a infância
já 'cabou, hora de seguir,
mas ainda temos tempo
até partir 
daqui,
tempo para
um espresso caramelo
feito co'aquele grão que eu
te falei semana passada,
mas tu riu da minha cara:
café é café.


– ligo-te para dizer-te
que m’esqueci de pensar-nos
livros (rabiscados),
os meus e os teus,
também, na estante
toda branca de madeira
e com espaço pras nossas
conversas (infinitas).
permito-me um olhar
sobre as malas, pequenas
demais para nossos desejos


termina um bocejo


{12-05-17}

Nenhum comentário:

Postar um comentário

das conchas

todo ato de fala verdadeiro é um gesto de coragem e nada mais forte do que ser                                                       vulnerá...